quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Quem sente falta?

Hoje fui pagar minhas contas na casa lotérica onde sempre faço isso, faz 5 meses ou mais que não vou lá. Entrei na fila e as meninas da caixa por de trás do vidro sorriram pra mim, eu respondi. Quando chegou minha vez cumprimentei a caixa e ela logo perguntou "Você sumiu, está melhor?" Enquanto fazia pergunta duas outras juntaram-se a ela repetindo a pergunta, o que me causou surpresa, contaram-me que uma delas, que uma vez havia se enganado no troco e ficou me aguardando até eu passar na galeria, quando soube da minha internação chorou... "É mesmo? Bom, agora estou bem e fico feliz em ver vocês" As duas disseram que tinham que retornar aos seus caixas, demos um tchau e elas foram.
Enquanto me atendia e conversámos, o "segurança" da loja, um negro bem humorado, veio e me fez a pergunta de sempre "E o mengão, carioca?" Bateu no meu ombro e seguiu rindo... Devia estar pensando no Santos dele que não vai bem.
Conta paga, dinheiro retirado pra pagar o IPTU, segui em frente.
Foi bom ver que algumas pessoas da minha comunidade sentiram minha falta.

Quem sentiria sua falta caso você fizesse uma longa viagem sem aviso?
Você sente falta de quem?

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Consulta

AGRADECIMENTOS

* Agradeço, em PRIMEIRO LUGAR, ao Senhor da minha vida, que meu deu forças para resistir fisicamente ao tratamento ao qual fui submetido.


* Agradeço também, aos meus pais Elias e Odylla, que me ensinaram a lutar pela vida desde cedo, à minha avó Zilda, que não me deixava entrar chorando em casa. "Homem tem que lutar", dizia ela.
* À minha esposa Ester que desde o dia 16 de Novembro de 2010, não passa um dia sequer sem cuidar do curativo no meu pé. Aos meus filhos Igor e Iani, às minhas irmãos Angélica e Bijoy, que providenciaram tudo para que eu me restabelecesse da melhor forma possível, a Ana, que cuidou de mim nos primeiros dias, Ângela, e à minha sobrinha, Michelle.
* Aos amigos que me visitaram: Maryhelen, produtora do STUDIO PIO PRODUÇÕES, ao Hélio Esperidião, do site ESTÁ NO VALE  (www.estanovale.com), à Silvia, do INSTITUTO INTEGRAR BRASIL ,Badary e Troy, ao Fred "Tedy".
Ao pessoal da PIB de SÃO JOSÉ dos CAMPOS: 

Pr. Carlitos, meu pastor, Pr.Conrado, meu líder do PG, ao Pr. Marcos Madaleno, por suas orações, apoio e palavras de incentivo, à Mari Ceruks, pelo carinho de permitir que nossas conversas se estendessem um pouco mais, ao Ricardo Alexandre, Lara Tolentino,  que vieram até minha casa para cantar comigo, ao Mauro, Victor Lopes, Leandro Rocha, Pr. Julio e Simone, Sinara, Fátima e Archanjo, Marcos Cardoso, ao pessoal que desceu as escadas com a cadeira de rodas na mão   para chegar ao Fundo do Vale no dia do desfile do REAÇÃO 2011, e a todos os amigos desta amada igreja.
* Aos irmãos do meu Pequeno Grupo:
Pr. Conrado e Márcia, Da. Mirdza, Gilcemar e Olívia, Da. Neide e Batista, Paulo e sua esposa, Nicolau e Marta, Lara e Tulio

CONSULTA


Na terça, dia 19, separamos todos os papéis necessários para a consulta do dia posterior. Tudo arrumado e combinado, apesar da chegada do longo feriado a partir de quinta e da consciência da perda da data original da consulta, que seria dia 13, iríamos à São Paulo para tentar encontrar com Dr. Sussumi, o mesmo que havia operado meu pé há 5 meses atrás.
Saímos de casa preparados para o engarrafamento natural da Dutra, optamos pela Ayrton Senna, muito mais tranquila e confortável, poucos carros nos acompanhavam. Não sei por que pegamos uma entrada errada na 23 de Maio e tivemos que fazer um retorno após um túnel, mas com tranquilidade. Chegamos à Borges Lagoa, 960, às 11:15h. Confirmamos nossa chegada com a recepcionista, descemos ao andar zero, onde deveria ser a consulta, aí começou a nossa espera.
Geralmente ele, o médico, chega à 12:30h, atende e vai para o centro cirúrgico, então seria tranquilo, não pegaríamos o volumoso trânsito na volta. Quando o relógio marcou 14h ele ainda não havia chegado, pensamos que não viria mais e fomos nos informar com as atendentes que confirmaram que ele viria mas não sabiam o horário, só nos restava esperar mais.
Às 15:45h uma das meninas pediu que subíssemos ao 5° andar, onde fica o centro cirúrgico, pois ele iria nos atender lá mesmo. Subimos, demos nosso papel de identificação na entrada do CC e aí o rapaz da recepção educadamente nos disse:
- Devido ao seu KPC, vocês vão ter esperar aqui fora.
KPC?????  E eu lá tenho KPC? O que que é isso? O que é KPC?
Encontrei esta figura que explica  o que é a tal bactéria, os riscos inerentes aos ao contágio e como ela é super resistente a antibióticos.
Basta dizer que durante o período em que estive internado, 25 dias, eram injetados em mim mais de 3L de antibióticos de última geração e amplo espectro por dia. tudo isso para salvar  minha vida, já que um exame, PCR, indicava que meu sangue estava 57% infectado. Quando os médicos, enfermeiros, entravam no meu quarto do isolamento tinham que colocar um avental específico para o não contágio, todo esse material não saía do meu quarto. Agora entendo a estranheza nas expressões deles ao me verem rindo ou brincando. Acontece que Deus, o Senhor da Medicina, que me ama, controla a história e fez questão que eu ficasse curado, não por que eu mereça, mas me curou  para SUA HONRA E SUA GLÓRIA.

Estávamos, eu e Ester, lendo o livro 40 DIAS DE RENDIÇÃO (Pr. Carlito Paes) quando às 17:10h aquele nissei baixinho e simpático apareceu do nada na nossa frente sorrindo naquela roupa azul de cirurgia e disse:
- Mas como é que vou consultar você aqui n corredor? Rsrsrsrsrsrs...
Ele disse isso rindo e fazendo um gesto meio patético abrindo as mãos, muito engraçado.
Continuou então:
- Não posso abrir o curativo aqui, mas como está? Já fechou?
Ester respondeu:
- Falta um pouquinho só...
Eu disse:
- Já posso até andar...
Levantei e caminhei um pouco com certa dificuldade.
Ele sorriu, seus olhos brilhavam de alegria, acho que até com  certa emoção ao me ver caminhando com equlíbrio e disse:
- Pra quem ia perder a perna você está muito bem...
Glória a Deus, eu e Ester dissemos juntos.
 Dr. Sussumi disse isso, parou e ficou sorrindo como se não acreditasse naquilo que via, eu andando novamente. Deus é bom!
Mandou marcar nova consulta para outra avaliação e retornou às mais de 15 cirurgias diárias que faz para salvar vidas como a minha.
Deixamos o hospital e voltamos sem pegar engarrafamento algum, sem nos perdermos, apenas demos de cara com um carro que vinha em alta velocidade na contra mão da Ayrton Senna na curva debaixo do viaduto na chegada da cidade, desviamos, ele seguiu seu caminho e nós o nosso.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Orkut ou Facebook, Qual a Sua Rede?




 Pois é..., sempre quis começar uma estória, com um "Pois é...", morei por 45 anos na Rua Boipeba, 160 em Mal. Hermes. Boipeba é uma corruptela de da palavra tupi “Mboi Pewa” que significa cobra chata e quando ia a algum lugar e faziam a pergunta: Qual o seu endereço? Eu respondia assim (tente ler soletrando, as letras grandes  e as vermelhas finalizando a leitura):
B - O - - I - boi - P - É - - B - A - , 160...
E ficava espera o "O que?!?!?!" que vinha da pessoa logo depois, rsrsrs..., e repetia novamente.

Calculadora TI-58
Morar lá desde criança foi muito bom, conhecia todo mundo, entrávamos nas casas dos amigos, sem cerimônia, éramos quase irmãos, bom, talvez quase primos. Nós tínhamos campeonatos de futebol na rua de paralelepípedo, campeonato de futebol de mesa (botão), jogávamos queimado até tarde da noite, pique esconde, pique tá, bandeirinha, jogávamos WAR, manhãs e tardes inteiras na casa da Da. Nira, xadrez, tempo bom.... A rua era uma festa, festa mesmo, nas casas, festa americana, no sábado, muito bom mesmo. À noite, sentávamos no meio fio, a turma toda ficava batendo papo, ia até meia noite. Quando nos encontrávamos novamente começava tudo de novo. As pessoas mais idosas me viram crescer, Da. Laura, Gilvanete, elas foram ao meu casamento e viram meus filhos nascerem, boas lembranças.
Os anos passaram, um a um e, de repente, vi-me envolvido por Ataris, Nitendos, Dream Casts, Playtations 1, 2 e 3, XBOX 360, quero ressaltar que não estou ganhando nada pela propaganda, rs... Na faculdade as calculadoras da Texas, as TI's, invadiam as salas com seu cartões de memória com so cáculos integrais pré-programados. Por último, não menos arrojados os telefones celulares Phones, Ipods, PC's, Notebooks e os recem nascidos Tab's.
ATARI
Com isso tudo surgiram novas fórmulas de relacionamento e atualmente uma batalha é travada pela hegemonia, e vocês estão acompanhando isso, os dois cavaleiros estão numa disputa silenciosa pelos "scraps" de todos nós. Tenho utilizado ambas as redes relacionamento, não com a destreza que deveria, mas mando meus recados.

Senti, ao longo do tempo, que as coisas foram mudando nos relacionamentos, estranhei quando meu amigo de Orkut mandava um "Passei aqui pra te dar um abraço..." e quando nos encontrávamos só apertava minha mão. Gosto do Facebook, mas gostaria mais que tudo que é escrito no mural de todos nós fosse dito ao vivo e a cores, não é uma crítica, só gostaria bem mais que fosse assim, bem mais que cinco minutos de conversa, ver as pessoas, sem pressa, sentadas em algum banco, talvez tomando um sorvete, falando de suas experiências diárias, comentando da prova, do namorado(a), contando piadas, dando gargalhadas abertas ao invés do "kkkkkk..." que usamos, falando sobre nada e sobre tudo. Devíamos ter o "Dia Semanal do Bate Papo sem Correria", seria bom.

Uso bastante as redes, estou usando agora, mas nada melhor que um abraço e um beijo no rosto.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Ah, Tá...

Ah, tá... Recebo, faz, cinco anos, medicamentos de alto custo. Sempre realizando os mesmos exames e procedimentos, no mesmo intervalo de tempo e variando apenas alguns tipos de exame.
Pra você ter uma noção de como funciona este recebimento de remédio, tentarei explicar, mas não sei se vou conseguir.
Existe um documento padrão chamado APAC, Autorização de Procedimento de Alto Custo, que é usado para que os usuários de medicações de alto custo o retirem nos postos médicos ou locais autorizados para fazer a entrega do mesmo. Este documento deve ser renovado de 3 em 3 meses para evitar o desvio do dito medicamento, ou venda por vias outras, que como o próprio nome diz, custa muito caro. Uma caixa com 100 cápsulas pode até custar R$ 5.000,00 e durar 15 dias. Mas, pensar em desvio de um material como esse no Brasil???? Ah, que isso, pode acontecer na Bélgica, Suiça, até na Noruega, que diga-se de passagem é o país com maior qualidade de vida do nosso planeta, mas no Brasil? Ah, isso é que não. Daí o formulário para ser preenchido e anexado a um processo, este ser entregue a alguém na secretaria de saúde do estado e ali ser dado o veredictum: deferido ou indeferido.
Como disse, há cinco anos atrás , cumpri todas essas etapas e ganhei um grande SIM do governo.
Inicialmente retirava minha parte na Vila Mariana, SP, o que denodava tempo e paciência, pois saía cedo de São José dos Campos, eu/e/ou minha esposa. Lembrem-se que estamos falando do famigerado SUS que inunda nossas televisões com manchetes atrozes e ainda ressalto que a razão de submeter-nos a tanto sacrfício tem um motivo nobre: As pessoas que fazem uso de tais fármacos NÃO sobrevivem sem elas.
Passado o período de um ano de uso veio a descentralização da entrega, quer dizer, cada um receberia em sua cidade. Mas, sabe, foi melhor, embora temesse que meu processo pudesse sumir, desaparecer, escafeder-se, mas ele veio parar direitinho no NAC (Núcleo de Avaliação e Controle). Ótimo! Pegar o remédio perto de casa, menos estresse. Aí, ano passado, ele veio pra bem mais pertinho de casa, dá pra ir à pé no postinho, bem mais tranquilo, até que...

(Já viu nessas estórias quando surge um "até que"? Alguém vai se dar mal.)

Bom, até que, hoje, sem nenhum aviso prévio recebi, pelo telefone, que todo esse processo que é nossa rotina há cinco anos corre o risco de ser CANCELADO!
Entendeu? Não? Eu repito...
Bom, até que, hoje, sem nenhum aviso prévio recebi, pelo telefone, que todo esse processo que é nossa rotina há cinco anos corre o risco de ser CANCELADO!
Motivo: Os exames não estão completos?!?!?!

Mas, como? Como não estão completos? Entregos os mesmos exames há cinco anos e nunca ninguém reclamou e agora eles querem cancelar?

Amigos, isso é um desabafo, por que devido a isso, por não ter como recorrer de um processo sobre o qual não tenho domínio e cujos medicamentos tenho que pegar entre os dias 15 e 27 do mês vigente, terei que fazer com urgència, urgentíssima, um montão de exames amanhã para que sejam entregues daqui a um mês (observem que aí o prazo já expirou) para que não perca essa benesse do nosso governo.

Ah, tá, depois vou ao consultório, o médico verifica minha pressão e pergunta por que ela  está alta.










terça-feira, 12 de abril de 2011

UERJ - Janeiro de 2008

Em Janeiro de 2008, fui fazer um curso de Geografia e Música na UERJ, pelo Departamento de Geografia da mesma instituição. A época era de muito calor e o curso ia  todos os dias das 14h às 18h. Era um curso puxado, mostrava a música em relação à topofilia, isto é, aquele amor que você sente por sua terra, bairro ou alguma região, sabe, saudades do seu país. Também abordava como os compositores narravam os costumes do cotidiano através dos tempos e como isso revelava os marcos geográficos.
Citarei como exemplo da marchinha de carnaval LATA D'ÁGUA. 
Música composta em 1952, por Luis Antônio (Antonio de Pádua Vieira da Costa) e letra de Jota Júnior
“Na ocasião, capitães do Exército, servindo na Escola Especializada da Academia Militar, os dois passavam diariamente por um morro ao pé do qual uma bica servia aos moradores. A inspiração nasceria ao verem a cena que descreveram na composição: uma negra equilibrando uma lata na cabeça, enquanto levava uma criança pelo braço”.(SEVERINO e MELLO, 1997. p.292).

Eu chegava todos os dias às 14h, entrava pela porta lateral da faculdade, perto da passarela do metrô e acontecia de que nesse mesmo horário uma moça passava por mim, sempre à mesma hora. Não a conhecia, ela, naqueles dias, parava na porta de saída, ajeitava seu cabelo apressada e andava, quase correndo em direção ao portão da Radial Leste. Chamou minha atenção sua inquietude e resolvi escrever o texto abaixo. Não o entreguei, teria feito, mas no dia após a coclusão, 24/01/08, não a vi mais.
                                                CINCO DIAS                                              23/01/08

Há cinco dias, espero que sejam mais
Passo por ela, morena que não me vê
Lisos, curtos, negros cabelos
Lábios adornados em vermelho vivo
Para beijos e bocas que vão além
Quem é você? De onde vem a moça?
Imitando o carrossel, como brincando sem fim
Os dois descortinam o tempo
O menor indica o dois
Onde vai com tanta pressa?
Porque não para e sorri?
Deixe-nos ver seu rosto feliz
Vivido por muitas voltas
Anos, minutos, segundos momentos
O que estará pensando agora?
Desliza sua mão em alguém?
Com sorriso gostoso ilumine as respostas que não temos


O curso terminou e não tive a oportunidade de entregar o texto a ela.





domingo, 10 de abril de 2011

Malco, Você Quer Se Balbear?

Fomos convidados a cantar em Volta Redonda, terra da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), o Grupo Videira estava bombando em 88, fazia, acredite, mais de 300 apresentações por ano, cantando de Quinta à Segunda. E em VR  não foi diferente, nos apresentamos diversas vezes naquele final de semana.
Uma característica era inconfundível no grupo: A amizade e simplicidade. Ìamos onde tínhamos que ir, cantávamos com alegria a alegria das nossas músicas. Violão, violão de 12 e viola de 10 cordas, cavaquinho, gaita e acordeão, fora a percussão, que o Malco tocava. O nome dele era Marcos, mas nessa viagem isso mudou.


Fizemos o de praxe, chegamos e fizemos as duplas para dormirmos na casa dos membros da igreja que tão carinhosamente nos acolhiam, e como sempre, eu e Marcos ficávamos na mesma casa. Era engraçado por que nos conhecíamos tão bem, que só no olhar já entendíamos o que fazer. Ele, brincalhão até não poder mais e eu era quem "levantava a bola" para ele completar a piada. Fazíamos isso sempre, até quando íamos resolver alguma coisa no banco e ficávamos conversando sobre nossos carrões, casas de cinco quartos com piscina, morando em Ipanema, viajando para Europa, rsrsrsrsrs... Tudo brincadeira... E quando sentávamos um ao lado do outro e cruzámos e descruzámos as pernas ao mesmo tempo, juntos, sincronizados, rsrsrsrs..., sem falar nada um para o outro e as pessoas em volta olhando aquilo sem entender nada, às vezes gerentes ficavam vendo aquilo... Ai, meus 20 e poucos anos (sem nenhuma referência à música do Fábio Jr.).
Chegamos na casa onde ficaríamos. Lembro que fomos para a casa de duas irmãs, morenas, baixas, muito legais. Mais tarde encontramos o irmão delas, conversamos, todos, até alta noite. Depois disso tudo, de elas terem colocado os lanches e termos ouvidos as histórias de caminhoneiro (ele era caminhoneiro, contou suas aventuras, e foram muitas) fomos dormir, isto é, tentar dormir.
Começamos o papo da noite:
- Pô, Marcos, você ouviu?
- Cara, acho que ouvi, sim...
- Não tinha um som esquisito quando o irmão delas falava?
- Pô, tinha sim, era estranho, eu ficava olhando pra você...
- Pois é, "rapá", mas não consegui identificar o que era...
- Era quando ele falava - Marcos comentou.
- Bom, vamos dormir - falei - amanhã é Domingo, temos que chegar cedo na igreja pra arrumar o material.
Dormimos...

Acordamos cedo e começamos a nos arrumar. Marcos tinha uma mania, de se barbear sempre, e eu como sabia disso sempre levava um barbeador comigo. Mas naquele dia esqueci, deixei para comprar antes de sair e esqueci.Marcos entrou no banheiro já prontoe perguntou:
- Pô, Alexandre, (ele sempre começava a frase com um "pô") você tá com o barbeador aí?
- Ih, cara, esqueci...
Aí, ele começou a passar a mão no rosto, incomodado com a barba, nisso, o irmão das meninas, que também estava se arrumando para mai uma viagem, entrou no banheiro, e falando alto perguntou:
- Ô, Malco, você quer se balbear? Se balbeia com o meu balbeador.
Quando ouvimos isso, olhamos um para o outro, eu me contive, mas ele amigo, com aquela voz de baixo profundo, soltou uma gargalhada (KKKKKK), que aí não me aguentei e também comecei a rir, na frente do cara. Descobrimos o som indeterminado.

A partir daí o Marcos, passou a ser o Malco. Foi "Malco" o tempo todo. Malco isso, Malco aquilo, Malco pra lá, Malco pra cá, e depois de cada um um montão de risadas...
São histórias que até hoje rondam nossa memória c ada vez que nos encontramos.
Malco, o melhor vendedor que já vi, hoje trabalha em uma grande empresa de TV à cabo, é casado com Edna, tem dois filhos, e deixou de ser percussionista para se baterista. Estamos tentando nos encontrar, e quando isso acontecer, com certeza a história do "balbeador" vai acontecer mais uma vez.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O Caio dos Óculos Ray Ban

Em 1990, ano de Copa do Mundo, comecei a trabalhar em uma empresa na área de processamento químico. Uma experiência nova, pois não tinha nem noção do trabalho e do processo, fora o curso que havia feito na mesma empresa, mas algo me chamou atenção: O salário era muito bom, valeria à pena.
Já havia trabalhado como supervisor de manutenção coordenando equipes multi funcionais em duas empresas grandes: Uma, líder no setor de informática no anos 80, e outra, um hospital classe AAA, hoje clínicas integradas, situado nos caminhos da Gávea, mas em nenhuma delas ganharia o que receberia nessa, nem que fosse promovido 4 vezes. Submeti-me aos cursos, testes, treinamentos fortes, e fui em frente, passei. O tempo foi passando, novos amigo sugiram.
Um desses amigos me dava carona, revezámos nisso, vou chamá-lo Caio, este nome é fictício. Às vezes meu carro quebrava, o que não raro de acontecia com aquele Corcel II LDO, ano 79, que uma vez rompeu a borracha da gasolina às 10h da noite em frente a comunidade de Barros Filhos, na área escura da Av. Brasil, me deixando na mão, e em outras, o carro dele dava pane e e aí eu o levava e trazia. O dele era um Passat 77, só carrão no esquema.

O sistema de revezamento da alimentação era de certa forma rígido, pois trabalhávamos em turno e sempre com a possibilidade de haver algum problema na planta no momento de ausência da equipe.  Muitas vezes, em 12 anos de empresa, participei da saída em disparada na direção das bombas e fornos após um simples piscar de lâmpadas. A senha era: PIQUE DE LUZ! E todos saíamos correndo, cada um para seu setor a fim de evitar danos, em geral fazíamos isso com eficiência, não havia espaço para erros.
Naquela noite, pois estávamos tirando um "zero hora" tranquila (íamos das meia noite às seis da manhã), e lá pelas 02:30h nos reunimos no "fumador" (o fumador era um local onde os apreciadores do hábito podiam desfrutar de sua fumaça com liberdade e sem risco de "flashear"). Sentávamos todos ali para ouvir e contar histórias, jogar conversa fora, ficar quietos pensando em nada, se bem que, nesses momentos, sempre aparecia um maluco vindo de não sei onde e fazia algo que despertava todo mundo. Uns ficavam no banco do fumador, acomodação para 2, 3 já ficava apertado, e outros ficavam em volta da casinha e outros se recostavam numa tubulação que recebia óleo dos navios enquanto desempenavam as costas.
Caio, que quase sempre sentava no fumador, me chamou com um sinal feito com a mão que empunhava o cigarro, para conversar.
Ele estava menos brincalhão do que o costume. Seus óculos escuros, que, não sei por que, sempre usava à noite, escondia seus olhos. Começamos falando sobre nada, daí passamos para as festas que ele ia, e finalmente o assunto foi o Cordão do Bola Preta, um clube na 13 de Maio, "O Quartel General do Samba".


Ele começou a contar sua história, de como saia e curtia as noites com o "pessoalzinho", e que numa dessas saídas do Bola, já nascendo o dia, estava muito triste e infeliz com sua vida e, após beber muito, saiu do clube desnorteado, com uma garrafa de bebida na mão, e rumou ao ponto na Av. Rio Branco, atravessando a Cinelândia até sentar no meio fio e ficar pensando em dar fim à vida jogando-se à frente de um ônibus. Nisso, contava, ele, um rapaz de pele clara, muito clara, de olhos azuis e roupa branca, sentou-se ao seu lado no meio fio e perguntou:
- Mas, por que você está querendo fazer isso?
Era como se lesse sua mente e soubesse da sua vontade de se jogar em baixo de um ônibus.
- Caio (falou colocando a mão em seu ombro enquanto com a outra tirava a garrafa deu sua mão), vá pra casa... Vá ficar com sua esposa e sua filha, tudo vai melhorar a partir de hoje...
Falou isso, levantou e saiu.
Ele contava isso pra mim me olhando com seus óculos Ray Ban de lentes marrons e armação dourada, dizendo que sua vida tinha mudado mesmo. De repente, parou...

Depois de uma longa pausa e silêncio de ambos, ele rompeu o tempo, fazendo aquela pergunta estranha, virando sua cabeça em minha direção com seu pescoço gordo:
- E você quando é que vai aparecer na quinta, no quinto andar daquela empresa pra reunião? O pessoal tá te esperando lá, você já não leu o livro?
Péra, péra, péra... Que que é isso?!?!?! Que papo é esse?
Isso é que se passava na minha cabeça enquanto ele tirava o Ray Ban do rosto e o balançava pela haste como se nada tivesse acontecido, enquanto aguarda a reposta... Resposta que nunca teria, pois, para minha salvação, fui chamado pelo rádio para realizar uma manobra, pedi licença e me dirigi ao setor com minha mente a mil.
Passou o turno, veio o folgão, que começava na quinta, e na segunda voltamos todos às 18h. Início normal mas a notícia já corria pelos amigos, Caio havia pedido demissão no último zero hora, naquela quinta. Havia esperado os chefes e comunicado que não retornaria mais ao trabalho, sem motivo algum.

Se você quer saber, li todos os livros, nunca fui a uma reunião no quinto andar, continuei  comprando livros na livraria do Madureira Shopping, onde ganhava excelentes descontos por ser cliente assíduo e nunca mais encontrei Caio.

segunda-feira, 28 de março de 2011

O PAULO DO MADUREIRA SHOPPING

E era a época do "boom" dos shoppings. Em qualquer lugar que tivesse um um terreninho e passasse ônibus em frente, de repente, de uma hora para outra aparecia um gênio da lâmpada, e... ZAAAAP..., de uma hora pra outra aparecia um shopping lá, como num passe de mágica.
Nem melembro mais o que tinha naquela esquina da Estrada doa Portela antes de 1989, só sei que depois das obras estava lá um prédio construído, cheio de lojas pronto para receber os ávidos
consumidores do subúrbio local e adjacências.

Às vezes ia lá para comprar camisas de gola Polo, tipo que gosto até hoje. Andava por aqueles corredores observando as vitrines para ver como eles faziam a arrumação delas.Gosto dessa arte, a de atrair pessoas por sugestão com alguns objetos inanimados. Manequins colocados propositalmente num ângulo, numa posição, mostrando como suas roupas são lindas e que você pode ter uma daquelas também, skates voadores, pendurados, prontos para um 960°, como se voassem em nossas mentes numa pista imaginária, linda arte.
Num desses dias vi, em frente à praça de alimentação do térreo, uma nova loja, era uma livraria.
Entrei. Era uma loja, não muito grande, as prateleiras eram dispostas em "L", pois viravam para a parte menor da loja para aproveitar espaço. Assim que entrei, logo um vendedor veio ao meu encontro.
- Olá, como você vai? Perguntou ele...
Era o Paulo, pude confirmar isso pelo nome escrito em sua plaquinha no peito, dourada, agora, diferente da preta com letras brancas usada pelos outros vendedores.
- Ué, você aqui?
- Ah, sim, vim transferido de lá... Eu pedi pra vir, me mudei para Deodoro, moro por aqui agora e fica melhor trabalhar mais perto de casa, né... Mas... Qual livro você vai querer hoje?
Antes que eu respondesse, ele já foi respondendo por mim.
-  Lembra aquele livro que falei pra você?
Sim, sim, eu lembrava do nome dele, nunca esqueci.
- Pois é, já comprou?
- Ah, não quero, não...
- Mas está barato, rapaz, é um "bestseller"... Olha, só NCR$ 23,50...
Naquela época a moeda brasileira era o Cruzeiro Novo.
- Não, não quero...
- Olha, vou fazer o seguinte, vou dar um desconto pra você, ele vai sair por NCR$ 20,00...
- Puxa, Paulo, obrigado, mas não dá, não... Queria até comprar, mas não dá...
- Vamos fazer o seguinte, agora eu sou sou o sub-gerente aqui e posso fazer um desconto especial pra você, dezessete cruzeiros novos e cinquenta centavos, tá bom assim?
Bem... Com aquela boa vontade toda, mais o desconto e o cara sendo tão prestativo assim, resolvi levar o livro. Nos encaminhamos até o caixa.
Temos que fazer uma pausa para que eu "atualize" você àquela época. Não havia computadores, as máquinas registradoras tinham números com "leds" verdes, o que era o máximo. As notas fiscais para trocas, muitas vezes eram feitas à mão, notas de balcão, nada de notinhas amarelas feitas de papel foto sensível. Curiosamente ele quem foi comigo finalizar a venda, não repassou a nenhum vendedor.
Paramos no balcão, ao lado do caixa, perto do telefone.
Ele escrevia rápido na nota.  Alguns minuto após ter iniciado o telefone tocou e Paulo atendeu:
- Alô... Oiiiiiii, tudo bem? Siiiiiiiiim, siiiiiim...
Continuei esperando, as expressões dele haviam mudado para algo mais distante.
- Sei, sei... Não, tá tudo bem, tudo resolvido... Siiiiiiim, tá levando, sim... Pode deixar comigo, to terminando...
Mesmo que eu não quisesse, por estar perto acompanhando a nota, não pude deixar de ouvir a conversa e curiosa e instintivamente completa as perguntas vindas do outro lado da linha em minha mente.
Ele acabou de preencher a nota me entregou e mandou que eu entrasse na fila para pagar, não entedi o por que do fim da amabilidade. Entrei na fila, paguei e me despedi, segui meu caminho com o Cavalo de Tróia nas mãos.
Naquela época trabalhava na Gávea e o percurso era demorado, comecei a ler o livro, as palavras vinham em minha direção agradáveis. A história de ficção onde dois astronautas viajam no tempo e ao escolher qual personagem visitariam Jesus Cristo, era impressionantemente bem descrita em seus mínimos e ricos detalhes. Seus cálculos de teletransporte e a teoria dos "swivels" mexia com meu imaginário. Lia o livro com um prazer acompanhando aquele história fascinante.
Tarde daquelas resolvi retornar ao shopping para agradecer ao Paulo, meu amigo subgerente. Não sei se falei, mas o turno dele era à tarde.
Cheguei lá, e como sempre, veio logo um rapaz me atender. Moreno, baixinho, com sua gravata vinho e a plaquinha dourada no lado esquerdo do peito, parecia o Carlton:
- Olá, boa tarde...
- Boa tarde, o Paulo está?
Ele olhou pra mim... E perguntou:
- Paulo? É vendedor? Não conheço nenhum Paulo aqui, não.
Respondi que não, que ele tinha vindo do Norte Shopping, que agora era sub-gerente e que havia comprado um livro com ele e que queria conversar.
- Não conheço nenhum Paulo aqui, não.
Ele olhou para o lado, para o outro, com a mão no queixo, virou-se para a caixa, que era a mesma da época que eu tinha feito a compra e gritou:
- FULANA!!!!!!!!!!! VOCÊ CONHECE ALGUM PAULO QUE TRABALHOU AQUI?
Ela deu um não meneando a cabeça.
Ele virou-se continuando a conversa.
- Olha, não tem nenhum Paulo aqui, não. Nenhum vendedor.
Gelei.
- Mas ele é sub-gerente.
- Olha, desde que a loja começou, eu estou aqui e sou o sub daqui...
Não entendendo nada,continuei:
- Mas quando estive aqui ele disse que era sub-gerente, talvez ele esteja de folga..
Aí ele disse como que quisesse concluir a conversa:
- Olha, aqui nunca trabalhou nenhum Paulo, não veio ninguém transferido do Norte, a não ser eu, que vou ser efetivado gerente daqui a alguns dias, e sou eu quem faz as contratações.
Silêncio pensativo...

Ia me despedindo meio aturdido com a história, e o rapaz deve ter visto em meu rosto o que ele julgou ser decepção, mas era um não saber o que estava acontecendo que eu transpirava.
Quando me virava para sair, com minha humilde sacolinha plástica onde estava o Tróia 1, ele veio e perguntou:
- Você não quer levar um livro bom, aqui, não? Está com desconto.
Novamente o ritual do caminho à prateleira aconteceu. Quando me mostrou o livro a capa surgiu:
OPERAÇÃO CAVALO DE TRÓIA 2 - A SEGUNDA VIAGEM...
Desta vez não ofereci resistência, comprei o segundo da série, e continuei lendo até o oitavo.
 Este assunto ficaria adormecido até aquela noite em que nos encontramos para conversar após a janta no trabalho, mas isso fica para a próxima.





sábado, 26 de março de 2011

O PAULO DO NORTE SHOPPING

O tempo não pára mesmo, não é? Cazuza, inspiradíssimo declarava isso com sua voz adornada com acordes maravilhosos. Anos 80, ôôôôôôô, tempo bom, tempo da música, dos shows, dos shoppings no Rio. Mas eles, os grandes shoppings, com suas luzes e lojas, ficavam distantes dos subúrbios e era difícil acessá-los, até que  a notícia chegou: Vão fazer um shopping no Cachambi!


O Cachambi era um bairro perto do Méier, e ficava distante uns 20 min de Marechal, contando com a boa vontade do motorista do 650. Ele seria construído na Av. Suburbana, hoje, Av. Dom Hélder Câmara. O Norteshopping foi inaugurado em 1986.
Era fácil mesmo, pegava o Mal. Hermes x Eng. Novo no parque e saltava em frente. Numa dessas investidas fui até uma livraria recém-inaugurada, e achei que ela teria uns preços mais baixos. Queria ver os títulos, ver se tinha algo novo e a um preço que pudesse comprar, pois a vida de afinador de piano e estudante de engenharia, não era muito fácil. Entrei. Logo veio em minha direção um rapaz, claro, bem claro mesmo, olhos azuis e magro, vestia uma camisa de manga curta branca, gravata fina grená e calça preta:
- Olá, boa tarde, meu nome é Paulo, deseja ver algum livro?
(Não, amigo, eu quero uma picanha assada com alho e pouco sal, tem aí?)
- Ah, sim, estou procurando algum livro interessante, mas a grana está curta, sabe como é que é, né?
- Mas nós temos um livro aqui, excelente, e está num preço ótimo, parece que será uma série, tipo "As Brumas de Avalon"...
Fomos caminhando ligeiro até à banca de destino do tão elogiado livro. Minha mente ia livre olhando as capas (gosto muito de olhá-las) até que nos deparamos com nosso destino.
Paulo sorria largamente para mim deixando aparecer seus brancos dentes de vendedor em seu sorriso profissional.
O livro estava apoiado numa pequena estante de acrílico, em destaque. A capa tinha o desenho de uma cidade antiga vista de cima, Jerusalém, num fundo ode céu azul e com letras amarelas garrafais: OPERAÇÃO CAVALO DE TRÓIA.
Ele estendia suas mãos naquela posição de "leve, ele é bom" dos vendedores dos canais de venda da TV enquanto sorria pra mim com os olhos bem abertos.
- Este não, tem outra indicação?
- Mas, Alexandre, já tínhamos nos apresentado, esse livro é muito bom!
- Ah, mas tá caro e não dá pra mim, não... Disfarcei.
- Rapaz, você não sabe o que está perdendo. Este escritor é muito bom, est´fazedo sucesso na Europa.
Aí, perguntei já sabendo da resposta.
- Ele fala sobre o que?
- Ah, fala sobre Jesus Cristo e como ele vivia na época, uma visão diferente das que se tem hoje.
- Sei, mas não vou levar, não...
Meio que desapontado, provavelmente por perder a venda, começou uma outra conversa.
- Tá bom, que sabe na próxima? Tenho que ligar para minha esposa, casamos há pouco tempo, espera um pouco.
Esperei... Depois disso começamos a conversar sobre trabalho, o que fazíamos, gostávamos, ele estava construindo uma casa em Deodoro, perto de Marechal, e o sonho dele era ser gerente da loja.

Saí da livraria aliviado, tinha suado frio na hora que li o nome na capa, toda aquela história em Guapimirim voltou à minha mente, e olha que tinha sido difícil esquecer, mas estava apenas adormecido.
Nunca mais encontraria Paulo, ninguém mais me ofereceria "o livro" e asim a hitória teria acabado ali. Sim, teria se alguns anos depois eu não fosse ao Madureira Shopping.

sexta-feira, 18 de março de 2011

OPERAÇÃO CAVALO DE TRÓIA 1


Então, tá... tem algumas coisas que ficam até difíceis de contar, mas mesmo assim, conversando com o Hélio ontem (o Hélio é um empresário, criador do ESTÁ NO VALE, um Catálogo Eletrônico de Negócios, Empresas e Atividades de São José dos Campos, muito bom, pode acessar www.estanovale.com) falamos sobre alguns "causos" acontecidos. Já contei essas histórias para algumas pessoas e nunca me preocupei em saber se elas saíram do papo acreditando. Sei que você mesmo(a) já  passou por alguma situação em que as pessoas duvidaram, mas bem, você sabe que elas aconteceram,  não é? É assim que vou narrar para você, como se contando ao vivo, o que aconteceu.
Com 20 anos, a vida era uma festa, se bem que aos 15, algumas coisas estranhas já haviam acontecido, mas ainda não tinha me dado conta de que elas eram estranhas. Pra mim era tudo normal, e foi assim que fomos para Guapimirim, que quer dizer, Nascente Pequena.
Guapi, como é mais conhecida, é um município localizado na Baixada Fluminense, na região metropolitana do estado do Rio de Janeiro, fica pertinho de Teresópolis, no pé da serra. O povo original de lá, descendentes dos índios Tamoios, é simples. Faz tempo conseguiu a emancipação de Magé, o que proporcionou aumento na qualidade de vida da população. Existe, lá, uma peculiaridade: Tem a fama de ser aeroporto de discos voadores.
Não me lembro de como fomos até acidade, eu, minha namorada na época, e Marcos, o Malco, primo dela, mas acho que fomos de trem. Era o meio mais fácil e rápido na época, acredito. Se foi assim, pegamos o trem em Marechal, descemos em Deodoro, pegamos o Japeri, saltamos em Paracambi (tá lembrando do samba do Zeca?) e de lá ficamos na estação de Guapi.
Seria a Festa Junina da rapaziada da igreja no sítio da Sonia. Ela adora promover festas. Balões, fogueira, pescaria, brincadeiras e brindes, tudo nos padrões de uma festa Junina, como deveria ser. Depois de muita diversão, noite já avançada, começamos a nos reunir para o papo na varanda antes do sono merecido. A varanda era daquelas de casas do interior mesmo, com aquela meia parede que você fica sentado e conversando horas a fio. Fomos chegando, eu e ela, para o meio da turma. Lá tinha um senhor, de uns 45 anos, no entro da conversa. Ele estava falando sobre Jesus Cristo, expondo sua opinião sobre o dinamismo e caminhadas do Mestre. Nós, muito jovens ainda, calados, escutávamos com atenção, por que a visão dele era diferente. O Jesus que ele narrava, brincava de pique nas ruas, tirava onda no Mar da Galiléia, jogava bola,  isto é, fazia coisas comuns como nós, pensamentos que na minha época infantil não eram fáceis de se ter em nossa imaginação (quero salientar aos mais jovens, que antigamente as histórias e milagres de Jesus não eram apresentadas em DVD's, e muito menos em HD e Blu-Ray Disc, era no flanelógrafo (você sabe o que é um flanelógrafo? Pergunte aí ao seu avô) com aquela estampa paradinha e com a mão para o alto até terminar a história, se ele precisasse se mexer, tipo, andar ou ajoelhar, era simples, só trocvam para a figura respectiva ao momento (tia Cici, viva em minha memória, era mestra nisso, eu adorava). Ele continuou falando, falando, e o pessoal aos poucos foi saindo, até lá pela meia noite, e aí só restamos eu, minha garota e ele. Num repente, a deserção inesperada:
- Vou ali e já volto... Ela disse.
Saiu rapidamente e ficamos sozinhos.
Até aí, nada demais, tudo normal, as coisas começaram a modificar quando ele começou a aprofundar a conversa.
- Sabe, Alexandre (naquela época usava um "l" só), Jesus tem uma luz especial...
Sim, eu sabia disso, mas não sei por que aquele papo estava me deixando meio desconfortável, comecei a achar que não ia acabar muito bem. Ele continuou, mas passou para outro assunto: Os ET's.
Não tinha problema, afinal, eu já havia visto "Contatos Imediatos do Terceiro Grau" (1977) e aquele filme do Spielberg, no qual o menino passa pela Lua voando numa bicicleta com um bichinho feio na cesta, (E.T., 1982) em que aquele ser, de 1,5m de altura, fala repetidamente: E.T... fone... home...
Estava preparado, e ele começou assim:
- Sabe, os alienígenas estão entre nós há muito tempo, eles vivem em colônias aqui na Terra.
- Mas, como isso?
- Ah, eles aterrisaram, gostaram daqui e resolveram ficar pra ajudar..
- ????????
- Mas, não fique espantado, não eles não querem o mal da Terra..
Espantado, eu?!?!?!?!, nãããããão, eu estava era aterrorizado, suando frio com aquele cara falando aquilo pra mim, cara, era meia noite, tenha dó... Eu olhava pra um lado e pra outro e ninguém vinha me ajudar....
- Mas, puxa, como é que eles vão andar pelas ruas? Perguntei, não dá, as pessoas vão logo ver que não são de outro planeta.
Me diz uma coisa, você já se arrependeu de fazer uma pergunta idiota? É como se a resposta fosse um trem bala à toda velocidade vindo em sua direção sem freio e você, na frente dele, com um escudo de isopor e com aquela cara de "um burro olhando pra um palácio" (by Da. Zilda, minha avó) sentindo o estrago em andamento.
- Bom, Alexandre, disse ele (sentia calafrios quando ele falava meu nome e toda hora ele repetia), eles podem se disfarçar para se infiltrar na população.
- Como assim? (CALA ESSA BOCA MANÉ!)
Aí ele começou a descrever como. Tenho uma sugestão: Leia o trecho abaixo, fazendo os movimentos descritos pra sentir o efeito do que ele dizia à 1 hora da manhã.
- Bom, (apresentando a palma da mão perto do meu rosto) eles podem ter quatro dedos e implantar um (falava isso enquanto simulava aparafusar seu dedo mínimo na palma da sua mão direita), podem ter três olhos e tapar um (disse esta frase tapando o meio da testa com a mão)...
Nesta senti arrepios, pensei que tinha acabado, mas a pior das frases ainda estava por vir.
Ele falou, depois de uma pausa longa, por que ele falava tudo isso fazendo pausas, disse:
- Eles podem estar conversando com você agora, neste momento e você nem perceber isso... E ficou olhando pra mim fixamente.
Pausa longa, beeeeem loooooooooonga...
- ??????????????????????????????????????
Olha, só, nessa hora, não teve jeito, chamei a menina pra ficar comigo ali, pra não sair correndo.
Ele viu que ela já chegava e foi terminando a conversa assim:
- Bom, hoje recebi uma mensagem (???), quer dizer, um telefonema, e me deram a  missão de encontrar uma pessoa nesta festa, e essa pessoa é você, Alexandre. Minha missão já foi cumprida. Nós temos uma reunião no prédio da Av. Chile, no centro, no prédio de uma grande empresa brasileira (reservo-me o direito de preservar o nome da empresa na qual eles se reuniam), no quinto andar, todas as Quintas, às 19h e você está convidado para participar com a gente dessas reuniões sobre UFO's, eles(?) estão esperando você (como assim eu?!?!). A menina estava mais perto e ele continuava rápido:
- Até lá, leia o livro "Operação Cavalo de Tróia 1", é um bom livro do J. J. Benitez, mas você tem que lê-lo, Tô falando rápido, mas sei que você não vai esquecer do nome.
Este era o complemento do recado.
Quando ela chegou eu estava gelado e a abraçava de forma que ela ficasse bem perto de mim. Ele sorriu, olhou pra mim, se despediu e foi andando na direção do portão. Aí ela perguntou:
- O que aconteceu? Você está gelado...
- Nada, nada, nada não... 
Saímos dali e fomos dormir, isto é, só ela conseguiu dormir, né.

Acordamos, e eu louco pra sair daquele lugar. Tomamos café, e aí sim me lembro bem, voltamos de trem. Marcos fazendo as brincadeiras de sempre, quase perdendo o trem em cada estação que ele parava, pois saltava dava uma volta lá fora e voltava entrando no vagão com o trem já em movimento, ela rindo das palhaçadas do primo e eu só olhando da porta do trem "macaquinho", aquele feito de madeira e é puxado por uma locomotiva, que não fechava as portas.
Mas um coisa não saía da minha cabeça, mesmo que lutasse para esquecer:
Operação Cavalo de Tróia 1.

quarta-feira, 16 de março de 2011

A FESTA DA APOSENTADORIA

Depois de ter comido um enroladinho de queijo e presunto (aqui em São José eles chamam de pizza enrolada) como café da manhã, após quase ser premiado por um engano fatal, peguei a kombi em direção ao Bairro Adriana. Estava tranquilo, o dia quente e Campo Grande mais quente ainda, já pela manhã.
Cheguei na casa do pastor e Da. Celeste logo meu recebei no portão com seu invariável "Oxi minino, riririririri...".  Tirei o tênis, deixando-o do lado de fora, e entrei. Ela estava meio preocupada pois dissera a ela que chegaria lá pelas 7h e já passavam das 9 da manhã então comecei a contar o fato ocorrido na rodoviária de madrugada. À medida que ia contando via as expressões de espanto no rosto deles e só então comecei a perceber pelo que tinha passao, literalmente "caiu a ficha". Ela perguntava como foi isso? Você não ficou nervoso? Não tinha polícia lá? Uma atrás da outra, e o pastor só olhando... Ao final da série inquisitiva ele disse:
- Vamos agradecer a Deus pelo seu livramento.
  Em seguida oramos e agradecemos.


Passamos aqueles dias conversando. Fomos fazer compras, demos uma passeada no shopping, uma rotina comum.
Já estava preocupado com a falta de grana e comentava com ele isso durante as andanças, pois um depósito que deveria cair quinta na minha conta não havia ocorrido, e já era sábado. Fomos ao supermercado e na volta comentei com ele:
- Puxa vida, como vou fazer, tô sem dinheiro...
Ele olhou pra mim, parou seu Uno vermelho, quer dizer, um Uno quase vermelho, por que a pintura já estava bem queimada e perguntou:
- Quanto você quer pra cantar na festa da minha aposentadoria?
- ??????????????????????
Sabe, algumas pessoas que vão apresentar-se em alguns lugares só vão se forem bem pagas. A amizade e amor pelo que faz ficam esquecidos num canto. As igrejas não fogem disso. Não sou contra a ajuda, oferta, cachê, qualquer nome que se queira dar a este pagamento, ao artista pela apresentação na igreja, a ajuda é necessária, mas sim, desaprovo quando isto é colocado acima da missão dada por Deus de levar uma mensagem a alguém que precisa ouvir, por isso não me limito.


Olhei para ele, sem pensar muito, e respondi:
- Não quero nada, não, a não ser sua amizade, que já tenho... 
Continuei, sem sentir o que falava:
- Ainda vou dizer mais uma coisa, o senhor vai pastorear uma outra igreja...
Novamente a expressão desacreditada, pois a situação dele não estava nada boa.

A festa foi ótima, todos bem festejaram, ele falou pouco e fomos para casa.

Hoje, três anos depois, Paulo é pastor numa igreja perto de sua casa, sua hepatite foi curada, e ele anda pra lá e pra cá com sua bicicleta.

terça-feira, 15 de março de 2011

O RAPAZ PRECISAVA TRABALHAR

O Pastor (Pr.) Paulo iria, finalmente se aposentar...
Após muitos anos de ministério, viagens missionárias, passando frio e dificuldades, ele iria encerrar seu trabalho pastoral. Não foi uma simples escolha, nem o desejo de descansar, mas a hepatite incurável, em fase crítica, e a diabetes, consumiam suas forças. Vi todo seu cansaço bem de perto, pois trabalhamos juntos na Igreja Batista Vila São Jorge, hoje, IB Nova Canaã, situada na comunidade do Pára Pedro, em Colégio, durante cinco anos, no Ministério de Música.
Dona Celeste combinou de fazer uma festa para comemorar este acontecimento, isso não podia passar em branco, mas seria uma comemoração com tristeza, pois temíamos que o pior se aproximava.
Tudo marcado e tratado, dia 14 de Março de 2008 eu iria cantar uma música que compus especialmente para ele. Pesquisei muito sobre sua vida, seu relacionamento com os pais e usei parte da música folclórica que conhecemos "...como poderei viver? como poderei viver?..." É como poderíamos viver sem a presença dele naquele simples púlpito. Mesmo com dores estava sempre lá, era sua vida.
Com as fotos selecionadas fizemos um vídeo e sincronizamos tudo com a música, que seria ao vivo, montamos o filme debaixo do nariz dele (santo movie maker).
Saí daqui de São José na quinta, a festa, seria no Sábado. Peguei o ônibus às 23:59h, não às 00:00h, mas às 23:59h, vá entender isso... Entrei, e pelos cálculos chegaria ao Rio lá pelas 04:30h. Fui com o dinheiro só para pegar o ônibus da Novo Rio até Campo Grande, dez reais, e fiz como ele havia explicado:
- Pega o ônibus, salta na estação de Campo Grande, pega a kombi, salta no Bairro Adriana, é pertinho.
Lá fui eu, feliz, acreditando nisso...


Descemos na rodoviária no horário previsto. Atravessei a Rodrigues Alves por baixo da passarela, como é costume do pessoal, e me dirigi ao ponto com cautela, pois ainda estava escuro e ali não é uma área muito recomendável neste horário, embora muitas pessoas estivessem no ponto.

Parei e fiquei esperando o Magarça passar. De repente, ouvi uma voz:
- E aí, como está a vida em Minas Gerais?
A voz era grave, meio gutural, com um certo tom de agressividade, e vinha da boca de um rapaz negro, forte, barba por fazer, que estava com a mão dentro de uma mochila vermelha que pendia em seu tórax.
Virei-me e respondi:
- Não tô vindo de Mina, não, tô vindo de São Paulo...
- Não, você tá vindo de Minas... Ele disse.


Passei a mão no meu rabinho de cavalo, eu usava na época,  estranhei aquilo e respondi:
- Não tô vindo de minas, não, tô vindo de São José dos Campo, São Paulo.
O cara, de repente, do nada, começou a pedir desculpas e eu não entendia nada com aquela chuva de pedidos de perdão em cima de mim. Ele não falava a palavra perdão exatamente, ele conectava umas frases continuamente que signifavam que estava muito arrependido, não me lembro qual eram as palavras.
Ele então sentou-se numa da bases de carga portuária (a rodoviária fica perto do porto da Pça. Mauá) e passva a mão no rosto, como que preocupado.
Fiquei intrigado, achando que tinha sido mal educado com o rapaz ou mal entendido, afinal ele só me perguntou se eu chegava de uma cidade de onde eu não vinha... Achei que talvez tivesse sido grosseiro e fui sentar-me ao lado dele para apagar a má impressão. Ajeitei meu violão que estava em minhas costas e sentei ao seu lado pra mostrar que não havia me importunado. Assim que me sentei começamos uma conversa:

- Pô, cara, quer dizer que você tá vindo de São Paulo, São José dos Campos?
- É, moro lá há quatro anos.
- E como é que é lá, é bom pra trabalho?
- Bom, o dinheiro rola bem lá...
Aí me interrompeu e reiniciou com aquela avalanche de pedidos de desculpas e perdão, parecia uma ladainha, sempre com a mão dentro da mochila, agora em seu colo. Assim como começou ele parou, acho que ele não aguentava mais (nem eu) e disse olhando pra mim:

- Cara, eu ia te matar!
Aí, puxou de dentro da bolsa uma pistola, pra mim parecia prateada, mas acho que neste momento, e nem naquele, a pintura dela não é interessante.

- Você é "igualzin" a um cara do Morro dos Macacos "igualzin", até o rabinho de cavalo!

Bem que minha mãe não gostava dele
- É mesmo? E o que que esse cara fez?
- Rapaz, o cara, detonou  uma menina lá e o chefe falou que ele ia chegar agora de manhã aqui na rodoviária e eu ia pegar você.
- Aaaaaaaaaaah, respondi, vacilou no morro tem que matar mesmo (ou você acha que eu ia discordar?)

- Afinal o que é que você veio fazer aqui? Perguntou ele.
- Ah, eu vim cantar na aposentadoria de um pastor amigo meu, e...
- Iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiih, ainda é irmão!!!!!!!!!!! Puxa, vida, ia errar duas vezes, os caras lá am me detonar, matar o cara errado e ainda irmão, xiiiiiiiiiiii..."tava" perdido... Mas cara, quando você falou comigo eu senti que você não era ele(graças a Deus), ele não fala assim...

Antes de continuar deixa eu explicar os arredores da Rodoviária Novo Rio.
Ela fica na zona portuária do Rio de Janeiro, limitada, sua frente e fundos, pela Av. Rodrigues Alves, onde nós estávamos, e a Rua Equador. À sua entrada tem uma passarela que fica sobre a Rodrigues e de frente para vários pontos de ônibus, onde num deles estávamos nós.

- Olha só, tá vendo aquele cara lá em cima da passarela?
- Tô...
- Então, eu ia dar uns tiros em você, se você corresse pra lá ele ia mandar chumbo em cima de você.

Parou a conversa e gentilmente gritou fazendo o sinal de PARE com a mão espalmada em direção à passarela:
- Espera, não é ele, não é ele não! (você tem que ler isso como se ele estivesse gritando com seu vozeirão africano bem no seu ouvido e ainda se sentindo feliz por isso, afinal,não podemos contrariar o cara, né?).

- Agora, tá vendo aquele cara dentro daquele carro em frente a calçada, lá do outro lado?
Voltou a proferir a mesma frase e gesto com vigor igual a anterior.
- Pois é, depois que eu atirasse em você ele ia vir aqui pra me pegar e ia de dar uns tiros de escopeta bem na sua cara.

Bom, só conheço a escopeta calibre 12 e seus efeitos dos jogos de video game, aí comecei a achar que esse cara era o meu herói.
Tudo resolvido, todo o mal entendido já havia sido desfeito, ele já havia desculpado, e se ele quisesse, até eu pediria desculpas por não ser o cara e estar ali desviando sua atenção do trabalho afinal a produção e eficiência são importantes numa empresa, seja qual for seu negócio, estávamos prontos para seguir nosso caminho, cada um o seu quando ele virou-se pra mim e disse:
- Olha, não tô te assaltando, não, mas não dá pra você me arrumar uma grana, uns dez reais, pra botar um gás no carro? É que a gente vai matar o cara ainda e tem que dar um "gás" pra sair da área...
- Ih, cara, não dá não, respondi, minha passagem quem vai pagar é o pastor tô sem grana...
- Tudo bem, tudo bem, já te incomodei demais (que isso..., nada...).

Levantou-se, olhando para os lados, e falou pra mim:
- Olha, vou ter que fazer o cara ainda, afinal, tenho uma filha pra sustentar, né? Você podia fazer um favor? Pediu educadamente.
Não dá alarme da gente aqui não, tá, que eu vou ali pra frente onde eu estava quando vi você, não quero cobrança do meu chefe.
E saiu andando fazendo sinal de tudo bem pra passarela e pra frente da rodoviária...
Afastei-me um pouco do local da conversa e não esperei o Magarça, peguei o primeiro ônibus para a estação de Campo Grande que passou.
Fiquei feliz em ficar naquele ônibus por quase duas horas, depois pegar a kombi, e andar por mais 10 minutos até a casa do pastor Paulo e Da. Celeste e abraçá-los.

sábado, 12 de março de 2011

PROIBIDO AMAR

Sábado nublado, pé doendo um pouco, mas a vida é bela e vamos em frente.

Acordei cedo e vi um filme com Richard Dreyfuss, "Proibido Amar".

Fala sobre uma família comum, drigida por uma mãe austera e fria, auto denominada "feita de aço". Seus filhos, todos têm problemas, um é ladrão, o outro é medroso, mas lutador pela vida  e a mais velha tem problema de afonia, perda da voz, quando encontra a mãe, pois quando era pequena a mãe, alemã rígida, tapou sua boca com um travesseiro. Mas o personagem mais interessante, é uma das irmãs, diagnosticada como "eternamente criança" pelos médicos da época.

A avó recebe seus netos por 10 meses em sua casa, pois o medroso tem que viajar para pagar os agiotas com que emprestou dinheiro. Daí a tia doida, e todos os demais, começam a interagir com as crianças.

Na visão da tia, tudo está sempre bom, mas algo incomoda e ela sonha. O sonhar não é permitido naquela casa, muito menos amar. Ela, 38 anos, com visão e vestes adolescentes, após muitas lutas, resolve deixar a casa da mãe ao perceber que seu caminho não precisa ser o mesmo da matriarca. Sai de casa e muda-se para Flórida, onde vai trabalhar num restaurante.

É interessante como as pessoas que sonham conseguem viver bem, sonhar faz bem ao coração e a alma, por isso nunca deixe de sonhar, sonhe coisas grandes e impossíveis, se possível, e ame muito, mesmo que os feitos de aço o chamem de louco.

*Devido às leis dos direitos autorais só coloquei o link.

http://www.youtube.com/watch?v=cgGdgxAcaLI

sexta-feira, 11 de março de 2011

Sendai


Acordei, e como faço geralmente, liguei a televisão para ver o jornal matinal enquanto tomo café. Assim que cliquei on, ela jogou a imagem de uma onda gigantesca varrendo uma cidade... Isso caiu sobre meu colo, assim, sem eu querer, um Tsunami na cidade de Sendai, Japão.

Talvez por ter participado de um espetáculo de título Tsunami, de autoria de Angélica Faria, sobre o evento acontecido na Indonésia em 2004, e ter conversado com algumas pessoas da Índia sobre o sofrimento naquele local, na época, mais os recentes acontecimentos no estado do Rio de Janeiro (que já foram esquecido pela mídia), ouvindo os relatos do meu filho, Igor, que esteve cooperando em Petrópolis, e ainda levado pelo sentimento de COMPAIXÃO total que minha igreja, PIB de São José dos Campos, tem como tema neste ano, o assunto está me tocando mais, principalmente pela previsão dada pelos governos de que as ondas chegarão ao Havaí, em 2h, e ao Chile, aproximadamente às 17h (horário de Brasília)...

O ato final do espetáculo trata do RENASCIMENTO, embora dolorido, é necessário.

Não podemos ir lá para ajudar neste momento trágico, mas podemos pedir a Deus que conforte as pessoas que lá se encontram e que as ajude a ter ter forças e esperança para renascer desta tragédia.

Todos temos um Tsunami pessoal e podemos renascer dele reerguidos pelo amor de Deus.


segunda-feira, 7 de março de 2011

Desfile Conexão Livre

Olá amigos, boa tarde. 
É Segunda de Carnaval e o povo do nosso amado Brasil cai na folia regada. 


Cidade Negra canta:  "Na quarta feira é a volta pra realidade que arde/ Acaba a comemoração apaga a televisão pra não gastar a eletricidade/
Como na Cinderela carruagem volta a ser abóbora/
E na favela o carro alegórico some/ E volta às sobras: sobra de feira, sobre de terra, sobra de chão/Sobre de lama, sobra de bala perdida, sobra de comida..."
                                  
 É isso, vemos ao nosso lado acontecer.
                                  


No meio disso tudo, um grupo de mais de 500 pessoas, eu e minha esposa entre elas, saiu às ruas de São José dos Campos para desfilar no Bloco Conexão Livre (PIB SJC), no REAÇÃO 2011.




Cantamos o enredo " O Amor Não Para".
É verdade, o amor de Deus não para de agir, pricipalmente durante o Carnaval. Foi legal ver as arquibancadas cantando que  "Jesus,  o Rei desta cidade..."


Tenho certeza que minha Quarta será de VIDA, não de cinzas.


Abraço.


*Veja o comentário da Jornalista Rachel Sherazade sobre o Carnaval.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

TODO DIA É DIA DE FESTA

É isso: Parabéns pra você nesta data querida... E ponto.
Agora é festejar todo dia até que chegue o próximo.

Obrigado a todos.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

MUITO BOM...

Olá amigos, a quanto tempo. Estive internado desde Novembro e hoje cheguei em casa... Muito bom...
Sabe, essa coisa de você ficar sentaado no sofá e ver televisão ou poder beber um copo de água sem precisar pedir a outra pessoa que o pegue pra você, são coisas simples, mas fazem diferença.
Estou pensando em escrever sobre esse tempo, sabe, tipo uma série sobre as coisas que aconteceram, digo, da forma que acho que aconteceram no hospital e fora dele, acho que vou escrever sim, já tenho até um nome: 23 DIAS.
Vamos ver se consigo, se bem que acho que foram mais de 23, por que cheguei ao Hospital em São Paulo no domingo, dia 07 de Novembro, por volta das 11h, aguardei um pouco e a médica me chamou para consulta. Logo mandou fazer um exame de sangue para ver como estava o meu PCE (quando ouvi essa sigla fiquei um pouco preocupado, por qu tinha uma paciente ao meu lado com o PCE alto e ela não estava bem).
Três horas depois chegou o resultado e a médica virou para nós, eu e minha esposa, e...

Ai, caramba, já estava escrevendo a história!
Vamos fazer assim: Vou dar uma descansada e semana que vem recomeço, tá combinado?


Um abraço, É muito bom estar de volta.