domingo, 10 de abril de 2011

Malco, Você Quer Se Balbear?

Fomos convidados a cantar em Volta Redonda, terra da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), o Grupo Videira estava bombando em 88, fazia, acredite, mais de 300 apresentações por ano, cantando de Quinta à Segunda. E em VR  não foi diferente, nos apresentamos diversas vezes naquele final de semana.
Uma característica era inconfundível no grupo: A amizade e simplicidade. Ìamos onde tínhamos que ir, cantávamos com alegria a alegria das nossas músicas. Violão, violão de 12 e viola de 10 cordas, cavaquinho, gaita e acordeão, fora a percussão, que o Malco tocava. O nome dele era Marcos, mas nessa viagem isso mudou.


Fizemos o de praxe, chegamos e fizemos as duplas para dormirmos na casa dos membros da igreja que tão carinhosamente nos acolhiam, e como sempre, eu e Marcos ficávamos na mesma casa. Era engraçado por que nos conhecíamos tão bem, que só no olhar já entendíamos o que fazer. Ele, brincalhão até não poder mais e eu era quem "levantava a bola" para ele completar a piada. Fazíamos isso sempre, até quando íamos resolver alguma coisa no banco e ficávamos conversando sobre nossos carrões, casas de cinco quartos com piscina, morando em Ipanema, viajando para Europa, rsrsrsrsrs... Tudo brincadeira... E quando sentávamos um ao lado do outro e cruzámos e descruzámos as pernas ao mesmo tempo, juntos, sincronizados, rsrsrsrs..., sem falar nada um para o outro e as pessoas em volta olhando aquilo sem entender nada, às vezes gerentes ficavam vendo aquilo... Ai, meus 20 e poucos anos (sem nenhuma referência à música do Fábio Jr.).
Chegamos na casa onde ficaríamos. Lembro que fomos para a casa de duas irmãs, morenas, baixas, muito legais. Mais tarde encontramos o irmão delas, conversamos, todos, até alta noite. Depois disso tudo, de elas terem colocado os lanches e termos ouvidos as histórias de caminhoneiro (ele era caminhoneiro, contou suas aventuras, e foram muitas) fomos dormir, isto é, tentar dormir.
Começamos o papo da noite:
- Pô, Marcos, você ouviu?
- Cara, acho que ouvi, sim...
- Não tinha um som esquisito quando o irmão delas falava?
- Pô, tinha sim, era estranho, eu ficava olhando pra você...
- Pois é, "rapá", mas não consegui identificar o que era...
- Era quando ele falava - Marcos comentou.
- Bom, vamos dormir - falei - amanhã é Domingo, temos que chegar cedo na igreja pra arrumar o material.
Dormimos...

Acordamos cedo e começamos a nos arrumar. Marcos tinha uma mania, de se barbear sempre, e eu como sabia disso sempre levava um barbeador comigo. Mas naquele dia esqueci, deixei para comprar antes de sair e esqueci.Marcos entrou no banheiro já prontoe perguntou:
- Pô, Alexandre, (ele sempre começava a frase com um "pô") você tá com o barbeador aí?
- Ih, cara, esqueci...
Aí, ele começou a passar a mão no rosto, incomodado com a barba, nisso, o irmão das meninas, que também estava se arrumando para mai uma viagem, entrou no banheiro, e falando alto perguntou:
- Ô, Malco, você quer se balbear? Se balbeia com o meu balbeador.
Quando ouvimos isso, olhamos um para o outro, eu me contive, mas ele amigo, com aquela voz de baixo profundo, soltou uma gargalhada (KKKKKK), que aí não me aguentei e também comecei a rir, na frente do cara. Descobrimos o som indeterminado.

A partir daí o Marcos, passou a ser o Malco. Foi "Malco" o tempo todo. Malco isso, Malco aquilo, Malco pra lá, Malco pra cá, e depois de cada um um montão de risadas...
São histórias que até hoje rondam nossa memória c ada vez que nos encontramos.
Malco, o melhor vendedor que já vi, hoje trabalha em uma grande empresa de TV à cabo, é casado com Edna, tem dois filhos, e deixou de ser percussionista para se baterista. Estamos tentando nos encontrar, e quando isso acontecer, com certeza a história do "balbeador" vai acontecer mais uma vez.

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