quarta-feira, 16 de março de 2011

A FESTA DA APOSENTADORIA

Depois de ter comido um enroladinho de queijo e presunto (aqui em São José eles chamam de pizza enrolada) como café da manhã, após quase ser premiado por um engano fatal, peguei a kombi em direção ao Bairro Adriana. Estava tranquilo, o dia quente e Campo Grande mais quente ainda, já pela manhã.
Cheguei na casa do pastor e Da. Celeste logo meu recebei no portão com seu invariável "Oxi minino, riririririri...".  Tirei o tênis, deixando-o do lado de fora, e entrei. Ela estava meio preocupada pois dissera a ela que chegaria lá pelas 7h e já passavam das 9 da manhã então comecei a contar o fato ocorrido na rodoviária de madrugada. À medida que ia contando via as expressões de espanto no rosto deles e só então comecei a perceber pelo que tinha passao, literalmente "caiu a ficha". Ela perguntava como foi isso? Você não ficou nervoso? Não tinha polícia lá? Uma atrás da outra, e o pastor só olhando... Ao final da série inquisitiva ele disse:
- Vamos agradecer a Deus pelo seu livramento.
  Em seguida oramos e agradecemos.


Passamos aqueles dias conversando. Fomos fazer compras, demos uma passeada no shopping, uma rotina comum.
Já estava preocupado com a falta de grana e comentava com ele isso durante as andanças, pois um depósito que deveria cair quinta na minha conta não havia ocorrido, e já era sábado. Fomos ao supermercado e na volta comentei com ele:
- Puxa vida, como vou fazer, tô sem dinheiro...
Ele olhou pra mim, parou seu Uno vermelho, quer dizer, um Uno quase vermelho, por que a pintura já estava bem queimada e perguntou:
- Quanto você quer pra cantar na festa da minha aposentadoria?
- ??????????????????????
Sabe, algumas pessoas que vão apresentar-se em alguns lugares só vão se forem bem pagas. A amizade e amor pelo que faz ficam esquecidos num canto. As igrejas não fogem disso. Não sou contra a ajuda, oferta, cachê, qualquer nome que se queira dar a este pagamento, ao artista pela apresentação na igreja, a ajuda é necessária, mas sim, desaprovo quando isto é colocado acima da missão dada por Deus de levar uma mensagem a alguém que precisa ouvir, por isso não me limito.


Olhei para ele, sem pensar muito, e respondi:
- Não quero nada, não, a não ser sua amizade, que já tenho... 
Continuei, sem sentir o que falava:
- Ainda vou dizer mais uma coisa, o senhor vai pastorear uma outra igreja...
Novamente a expressão desacreditada, pois a situação dele não estava nada boa.

A festa foi ótima, todos bem festejaram, ele falou pouco e fomos para casa.

Hoje, três anos depois, Paulo é pastor numa igreja perto de sua casa, sua hepatite foi curada, e ele anda pra lá e pra cá com sua bicicleta.

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